A conquista de um sonho: documentário retrata criação do curso de Medicina em Valença (RJ)
Publicado em: 01/10/2024
Em 2023, celebrou-se o Jubileu de Ouro em homenagem aos 50 anos de formatura da primeira turma da então Faculdade de Medicina de Valença, hoje Centro Universitário de Valença – UniFAA. Festividades marcaram a data e trouxeram de volta à cidade do Sul Fluminense vários dos 330 alunos da primeira turma. Um encontro repleto de emoção e memória, tudo registrado pelas lentes da equipe da Chapeleiro Produções que, a convite da Fundação Educacional D. André Arcoverde (FAA), produziu o documentário “A Saga dos Excedentes – Um Sonho de Medicina” retratando a criação do curso e os esforços que foram feitos para que isso acontecesse. Um projeto que abriu novas perspectivas não apenas para os universitários do que finalmente conseguiriam cursar Medicina, mas para a própria cidade de Valença, que reinventaria sua vocação econômica por meio da educação superior.
"Celebrar o documentário ‘A Saga dos Excedentes – Um Sonho de Medicina’ é honrar uma história de superação e coragem. A criação do curso de Medicina em Valença não apenas transformou a vida dos estudantes, chamados de excedentes, mas também mudou a realidade da cidade, que se reinventava economicamente. Os dirigentes da FAA e os alunos lutaram juntos por um sonho que parecia impossível, enfrentando desafios enormes em tempos difíceis. Essa união foi a chave para abrir portas e impactar milhares de vidas ao longo dos anos. O filme nos lembra que, quando trabalhamos juntos por um ideal maior, somos capazes de superar qualquer barreira. A história desses estudantes e dirigentes é a história da transformação que a educação traz para toda uma comunidade, um legado que continua a inspirar e a fazer a diferença”, destaca o Presidente da FAA, José Rogério Moura de Almeida Neto.
O documentário é uma média metragem, com 40 minutos de duração, no formato 4K. Ainda não houve a exibição de estreia, o que deve ocorrer em breve. A marcante história foi selecionada para o Lift-off Sessions, “festival que é uma grande porta de entrada para o cinema mundial, sendo o maior festival voltado para novas vozes fora de Hollywood”, explica o cineasta Rodrigo de Souza, acrescentando que a produção já está inscrita no OFFCine, em Varginha (MG), Festival de Cinema de Lima (Peru), Uranium Film Festival, no Rio de Janeiro, e Festival All That Moves, em São Paulo. “Estamos ansiosos para que sejamos selecionados para outros, pois acreditamos muito no material produzido e, acima de tudo, na história que é contada.” Outros documentários da produtora alcançaram excelentes resultados, como “Os Esquecidos”, “Estrela Guia” e “Valença 200 Anos”.
O filme conta a história dos dirigentes da FAA, que enxergaram oportunidade na falta de vagas para Medicina, e dos estudantes que chegaram de várias partes do país. “É uma conquista que envolve os esforços dos dirigentes da FAA da época, mas também dos estudantes que eram considerados excedentes pelo Ministério da Educação de então. Ou seja, eles tinham o direito de cursar, mas não havia vagas. E isso numa época [1968] em que o país estava sob regime militar, e as capitais estavam em forte ebulição de movimentos de protesto, sobretudo estudantis. (...) Enquanto os estudantes lutavam pelo direito de fazer sua faculdade, Valença buscava oferecer a solução que a levasse à tão sonhada implantação de um curso do peso e da complexidade de uma Medicina”, conta Gustavo Abruzzini, Coordenador Centro de Pesquisa (Memória e Cultura) da FAA, acrescentando: “Valença buscava atrair recursos, pois vivia certo esvaziamento com o fim da presença da ferrovia e das antigas oficinas da Rede Ferroviária.”
Ao produzir “A Saga dos Excedentes – Um Sonho de Medicina”, Rodrigo de Souza acabou mergulhando na própria história. “A minha história de vida se mistura com a FAA e com a Medicina, pois minha mãe trabalhou 50 anos na Medicina/Hospital Escola, e eu tive o grande prazer de entrevistá-la para o filme”. Dando um spoiler, revelou que ficou “impressionado com a garra e o empenho deles em conquistar o sonho da Medicina, desde protestos e invasões a quarteis em plena ditadura até chegar a uma cidade sem conhecer ninguém. Eles sonharam estudar Medicina e transformaram a vida de milhares de pessoas de uma pequena cidade, que abraçou e acolheu os 330 alunos da primeira turma.”